sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Primeiro desfile de bloco de meninos de rua defende os direitos da infância


Brasília - “Chega de pedofilia, violência e exploração, pois a nossa ‘molecada’ só precisa de atenção”. Com versos que falavam sobre violência, drogas e as dificuldades enfrentadas no dia a dia, um bloco de carnaval formado por meninos e meninas de rua tomou uma das áreas mais movimentadas da capital.

O bloco de carnaval, chamado Gira-folia, faz parte do projeto Giração que atende crianças e adolescentes de rua. Com samba enredo próprio, o bloco marcou a defesa dos direitos da infância e também o lançamento do Disque 100, telefone para denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes.

A concentração teve início por volta das 16h, no Setor Comercial Sul, e seguiu  para o Conic, para a Rodoviária (áreas da cidade onde há tráfico de drogas e exploração sexual) e terminou ao lado da Biblioteca Nacional, às 17h.

Segundo a voluntária Adélia Kalil, esse foi o primeiro carnaval do bloco. Divididos em quatro alas, participantes, educadores e voluntários cantaram o samba enredo que foi escrito pelos próprios meninos do projeto. O nome do bloco e as fantasias também foram criação dos jovens.

A educadora Ana Lúcia Andrade afirmou que a idéia foi mostrar, por meio do bloco, os assuntos típicos desses jovens como as drogas, a violência, a situação de rua, e a conquista dos direitos. “Eles queriam mostrar a dificuldade e a conquista”, afirmou.

Para formar o bloco, um dos educadores ensinou os meninos a tocar samba. Fabrício dos Reis da Silva, que participa do projeto desde 2007, estava na bateria do bloco, e afirmou que antes eles ficavam na rua, e agora estavam no carnaval.

O Giração trabalha na defesa e garantia dos direitos das crianças e adolescentes. O projeto oferece oficinas para as crianças e os adolescentes e tem a participação fixa de 40 jovens.

De acordo com a educadora Raquel Andrade, o Giração existe há dois anos. Segundo a educadora, há muitas dificuldades para buscar parceiros e fazer denúncias, mas também muita satisfação. “Quando vemos nossos meninos na clínica, se recuperando, sendo aprovados no vestibular”, afirmou se referindo a dois jovens que participam do projeto e que foram aprovados no vestibular da Universidade Católica de Brasília. 

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